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sábado, 27 de dezembro de 2008

Não haverá natal este ano, a virgem maria teve um aborto


[Grécia] "Não haverá Natal neste ano, a Virgem Maria teve um aborto"

[Manifestação pela libertação dos presos e presas; fim as ocupações; bancos e lojas incendiadas; bomba à sede de partido de extrema direita. Esses fatos marcaram o 19º dia de protestos na Grécia, desde a morte do adolescente Alexis Grigoropoulos, no último dia 6, assassinado a tiros por um policial.]

Em Atenas, na véspera de Natal (24), milhares de pessoas participaram da passeata pela libertação e em solidariedade com todos os detidos e presos durante os protestos que aconteceram na Grécia desde a morte do jovem Alexis pela polícia, que provocou no país um dos tumultos mais sérios das últimas décadas. A manifestação foi pacífica e percorreu as ruas centrais e comerciais da capital.

Houve alguma tensão quando os manifestantes passaram em frente da Catedral de Atenas. Mas apenas aconteceram pichações nas colunas de mármore do edifício e lemas foram gritados contra a igreja e os sacerdotes. Um dos motes mais ecoados foi: "sacerdotes, ladrões, pedófilos". Uma bandeira grega foi queimada.

Depois da agitação, os funcionários da catedral cancelaram uma atividade natalina que estava programada para acontecer.

"Não haverá Natal neste ano, a Virgem teve um aborto", foi uma das frases mais pichadas ontem pelo centro de Atenas.

As palavras de ordem gritadas durante o protesto foram muito originais e não só contra o Estado nem contra os policias, mas também contra o consumismo e esses que continuam fechando os seus olhos para os acontecimentos e foram fazer suas compras de natal, como nada tivesse acontecido.

Temendo uma investida dos manifestantes, a polícia de choque isolou o quarteirão central de Syntagma para proteger a árvore de Natal, a principal da capital, que substitui uma queimada por manifestantes há duas semanas.

O protesto acabou sem muitos incidentes, apesar da forte presença das forças policiais gregas.

Fotos: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=955388

Presos e presas

As pessoas que foram detidas e agora estão em prisão, esperando julgamento (que pode durar vários meses), soltaram um comunicado ontem (24), que concluía: "Podem prender os nossos corpos, mas nossas mentes e espírito estão livres e lutando com os que estão fora".

Fim as ocupações, mas a luta continua

Na Universidade Politécnica houve uma nova assembléia, depois da manifestação. A assembléia decidiu acabar a ocupação (mas não a luta) à meia-noite.

Os ocupantes da Universidade Econômica (ASOEE) também decidiram acabar a ocupação.

Ambas as ocupações (junto com a Faculdade de Direito) foram mantidas por 18 dias, e apesar dos ataques freqüentes dos policiais e da imprensa, teve uma parcela de participação muito grande nas revoltas.

Assembléias populares convocaram as pessoas a participarem da manifestação do dia 27, sábado, pela libertação das pessoas presas.

Mais ações

Em Ptolemaida, uma árvore de natal (como aconteceu em Loannina) foi decorada com fotos de Alexis e mensagens de protestos.

Fotos: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=955106

Na ponte de Gorgopotamos, uma faixa grande foi pendurada, com o escrito: "Ficar sentando no seu sofá é cumplicidade".

Fotos: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=955036

Sede do LAOS é atacada

Um grupo de anarquista chamado "Insurreição Incendiária Noturna", assumiu a responsabilidade por um ataque à bomba contra uma sede do partido grego Aliança Popular Ortodoxa (LAOS), no subúrbio de Alimos, no litoral, durante as primeiras horas desta quinta-feira (25). O explosivo caseiro, feito com várias latas de gás, causou estragos na sede deste partido de extrema-direita, mas nenhuma pessoa ficou ferida.

Lojas, bancos e um edifício do governo incediados

Três concessionárias estrangeiras de automóveis, uma agência bancária e um edifício do governo foram incendiados na madrugada desta quinta-feira (25) em Atenas.

O primeiro ataque ocorreu contra a entrada de um banco no bairro Palio Faliro, zona sul da capital. Anarquistas explodiram uma bomba feita com um butijão de gás e destruíram parte da agência.

Duas horas depois, anarquistas atiraram latas de gás em três carros de uma concessionária da Citroën, no centro de Atenas.

Três carros da concessionária da Opel (marca da GM) também foram atingidos.

agência de notícias anarquistas-ana

urubus desenham
no teto cinza da tarde
lentas espirais

Zemaria Pinto