A manifestação de Abril de 2007 resultou da negação urgente de uma série de aspectos fundamentais que dizem respeito à liberdade como condição de existência individual e em sociedade/colectiva. Tratou-se de uma manifestação antiautoritária e anticapitalista que levou para as ruas mais de quinhentas pessoas.
Demonstrar nas ruas o nosso descontentamento constitui um momento de reflexão, tenha este a dimensão que assumir.
Nessa medida, pôr a nu a forma como as relações se constroem ao nível social segundo as normas vigentes, as suas motivações e intenções explícitas de desrespeito e supressão simples das liberdades individuais, é tentar o fim da opressão sobre cada um de nós. Essa opressão é a tentativa de cimentar, à margem do indivíduo, uma sociedade artilhada para defender uma imagem de prosperidade impossível porque pelo lucro, pela exploração, pela vigilância necessária à sua manutenção.
O estatuto de cidadão, essa espécie de cordão umbilical para com as instituições sociais, é tudo o que nos vincula a valores incontestáveis, à tradição dos sistemas existentes desde que existe essa consciência de pátria, nação, conjunto de normas que reinventam infinitamente a moral vigente. Quando tentamos fazer perceber que não é de ânimo leve que nos dobramos perante qualquer tipo de autoridade gratuita, seja por parte do estado e seus mercenários, seja a do patrão, a do professor, somos loucos ou radicais, tudo o que a sociedade marginaliza em auto-defesa até à mais absoluta incoerência.
Os 11 detidos na manifestação de 2007 vão ser julgados no dia 7 de Dezembro por alegada agressão e injúria à policia. Ora, é o que se poderá dizer de um mundo visto ao contrário: a policia encurrala os manifestantes na Rua do Carmo ( Baixa de Lisboa ) ao fechar as duas únicas saídas que esta tem e vêm posteriormente dizer que terá havido uma ordem de dispersão! Persegue as pessoas que estão a tentar dispersar, as que conseguem passar o cordão policial sem serem espancadas, e correm até locais já bastante distantes dessa rua dando continuidade à sua acção arbitrariamente violenta e acusam os manifestantes de agressão perante este cenário!
Nesta situação e em outras, a acção da polícia deve ser contestada/parada, por extensão a do estado como sucedeu naquele Abril..
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