Foi confirmado agora que os nossos companheiros, juntamente com todos os outros detidos na prisão de Amfissa, estão a lutar pela sobrevivência em condições terríveis. De facto, o estabelecimento de Amfissa não é uma prisão, mas um campo de concentração. Os nossos dois companheiros estão, juntamente com outros 50 detidos, confinados a uma cela durante 20 horas por dia.
O lugar está infestado por baratas, piolhos e pulgas. Na última semana, não houve água durante dois dias e as casas-de-banho não funcionam, com consequências indescritíveis e riscos de saúde acrescidos para todos os prisoineiros.
Aquando da sua prisão, os advogados de Alfredo fizeram um pedido de liberdade condicional, isto devido à sua idade, à insignificância das acusações feitas contra ele e ao seu estado de saúde, incluindo diabetes. Não só foi este pedido recusado pelo juiz de instrução, em Trikala, como os companheiros foram enviados para Amfissa, um dos piores infernos da Grécia. Cada um poderá tirar disto as suas próprias conclusões.
Um posterior pedido de liberdade condicional para Alfredo foi feito pelos seus advogados a 11 de Outubro, por razões de ordem médica. O pedido era sustentado por numerosos relatórios médicos traduzidos do italiano, assim como por documentos demonstrando que ele tinha sido libertado da prisão para passar a um regime de prisão domiciliária (na Itália) devido ao seu estado de saúde. Este pedido foi ignorado. Um relatório do hospital de Trikala, para onde Alfredo foi levado após ter sido detido, está a ser retido pela polícia. As intenções das autoridades gregas não poderiam ser mais claras.
Segue em anexo a tradução de uma carta enviado por Christos ao novo Ministro da Justiça grego, denunciando o campo de concentração de Amfissa, deixado incólume pelos recentes motins e greves de fome em massa nas prisões gregas, que envolveram milhares de prisioneiros. - não veio nenhuma carta com o mail
Solidariedade revolucionária para com Alfredo, Christos e todos os companheiros e rebeldes detidos pelo Estado!
Pela destruição de todas as prisões!
Carta de Christos Strtigopoulos para o novo Ministro da Justiça Grego, Haris Kastanidis
Caro Senhor Ministro,
Eu sou um anarquista recentemente aprisionado na Prisão de Amfissa. Obviamente, tenho tanto a ver com o socialismo como senhor com o anti-autoritarismo. Digo isto porque ouví recentemente o Sr Georges Papandreou [o Primeiro-Ministro Grego] insistir que os seus ministros "se comportam como anti-autoritários em relação á autoridade".
Pessoalmente, sempre defendí as acções específicas, não as palavras abstractas, e é por isso - não por razões ideológicas, naturalmente - que me encontro, presentemente, na prisão.
Não pretendo fatigá-lo com as minhas palavras, estimado Ministro da Justiça, mas digo-lhe directamente que, se eu tivesse a possibilidade de mandar no sistema prisional, iria destruir ou, pelo menos, encerrar tudo. Pessoalmente, eu tenho a possibilidade de sonhar com uma forma diferente de restituição das dívidas á sociedade que imagino que o senhor nunca estaria em posição para apoiar. Mas quero informá-lo, se o senhor já não sabe, que as prisões gregas, especialmente esta de Amfissa, onde estou presentemente detido, estão a apenas um passo de distância dos campos de concentração Nazis ou dos correspondentes Gulags que existiram nos países do chamado socialismo real. Enquanto novo Ministro da Justiça, se o senhor viesse visitar as prisões, não deixaria de poder confirmar a veracidade das minhas palavras.
Por fim, desejo colocar-lhe uma última questão. O que pretende você fazer em relação ás condições actuais nas prisões gregas, Sr. Ministro? O senhor pretende continuar a amontoar homens como se fossem ratos ou será o senhor capaz de criar condições, não digo boas, mas pelo menos aceitáveis, para todos os prisioneiros? O senhor saberá, talvez, que as pessoas mantidas sob a custódia das suas leis se referem à prisão de Amfissa como um crematório.
Conscientemente,
Christos Stratigopoulos