A REVOLTA PERTENCE ÀS RUAS.
A recente morte de um jovem da Bela Vista não pode nunca ser vista enquanto um caso isolado.
Tanto os média como os partidários do poder (presidentes de câmara, chefes da policia) é disso que nos querem fazer crer, ou seja, de que a tensão social sentida nas ruas de Setúbal tem a ver unicamente com a morte de um jovem. Como se não morresem da mesma maneira ou de maneiras semelhantes tantos outros por esse Portugal fora. Sempre às mãos da policia, sempre num contexto de crescente militarização das nossas ruas e dos nossos bairros. Os casos têm-se sucedido uns atrás dos outros sem que ninguém retire a unica conclusão possível: a policia mata sempre que quer e onde quer recebendo unicamente em troca o olhar incrédulo de uns e a cumplicidade de outros.
Os assassinatos policiais em bairros sociais têm-se repetido nos ultimos tempos sempre da mesma maneira. Kuku na Amadora em Janeiro passado, Tony em 2002 na Bela Vista e muitos outros são exemplos daquele que é um dos principais papéis da policia.
Mas a policia não practica apenas assassinatos e violência. Apostam também em policiamento de proximidade para tornar o Bófia num amigo, apostam na presença constante e em traje de guerra nas ruas e enfiam-nos câmaras de vigilância para nos controlar.
O estado policial é uma realidade desde que existe policia; a unica diferença é que esta situação oscila hoje entre medidas de controlo tecnológicamente avançadas e força bruta. Não é característica de um governo fascista ou democrático, mas sim parte de qualquer estado e qualquer sociedade baseada na dominação.
Consideramos a policia mais uma ferramenta do Estado e do Capitalismo que para além de nos explorarem a todos ainda nos quer calados e quietos enquanto o seu projecto de controlo vai avante.
Das prisões às eleições, dos assassinatos à vigilância tudo faz parte do domínio que querem exercer sobre nós.
QUANDO A TENSÃO AUMENTA ELES SÃO OS PRIMEIROS A TEMER A NOSSA RAIVA.