Como modo de desdizer a imagem, só criando ainda mais (contra) - imagens, e eis o grande paradoxo da luta contra a manipulação pela imagem. Sabemos que é um dispositivo de ilusões, tão eficazes que se materializam, ainda que pela ausência, uma vez que nos votam a um sentido também ele paradoxalmente vazio, porque consumimos e acumulamos, acumulamos (doença de foro psicológico que tem como característica fundamental a incapacidade dos doentes conseguirem deitar o que for para o lixo, pelo que vivem praticamente soterrados pelas coisas que acumulam)! Esse vazio advém antes de tudo dessa aparência que é a própria imagem, um simulador que é feito à medida das categorias do indivíduo, à qual lhe é difícil escapar.
Essa aparência tem o tamanho do mapa que cobre o território, que toma a forma de centros comerciais, lojas, direccionadas para os mais diversos mercados que se expandem potencialmente até ao infinito… a imagem não é só a imagem publicitária, é também todo o jogo de aparências onde bancos, televisão e outros órgãos quase que supra-sensíveis, coisas como G8s, cimeiras que tais, são determinantes naquilo que posso pensar como Acontecimentos-Mundo, isto é, o que passa a constituir o que é tido como real. São, por assim dizer, todos os mecanismos que potenciam o consumo e a dependência face ao regulamentado, via de sentido único. É esse o centro da sociedade neo-liberal, uma vertigem de aparências.
Mas cada centro comporta a respectiva margem, como tal, e apesar do capitalismo avançado parecer tudo absorver, até essa margem, vários focos se fazem ouvir de resistência perante tamanha alucinação de vida!
São importantes conversas, acções, todo o tipo de reacções impossíveis aos que a isso se sentirem impelidos.
Não faz sentido se não fizer sentido para ti!
AS