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quarta-feira, 19 de março de 2008

Violência Policial sobre trabalhadores em Santo André (Sines)

.Foi no passado dia 6 de Março e a greve durava já um mês .
.As duas dezenas de trabalhadores da estação de tratamento de águas residuais - propriedade da Águas de Santo André (do grupo público Águas de Portugal), concessionada à Sisáqua (do grupo Consulgal/IPG, liderado por José Goes Ferreira, accionista de referência do Millenium BCP) - continuavam a bater-se pelos mesmos objectivos que já os levaram a fazer, no ano passado, 12 dias de greve: melhores salários, melhores condições de segurança e mais protecção para os trabalhadores de turno.
.O piquete de greve tentou (e conseguiu) impedir que um camião de transporte de cereais fosse carregar lamas perigosas acumuladas na ETAR.
.Como explicou o Sindicato da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas, aqueles trabalhadores ganham pouco mais que o salário mínimo nacional, e a exigência de uma remuneração mínima de 800 euros até fica abaixo do que na região recebem outros profissionais com funções semelhantes.
.Mas, refere o Sinquifa/CGTP-IN, a Sisáqua é uma empresa intermediária, cujos lucros dependem da diferença entre o que recebe da Águas de Santo André e o que gasta com os trabalhadores... Razão mais que bastante para se compreender por que a concessionária persiste em manter os baixos salários, recusar dois operadores por turno e não melhorar as condições de trabalho e de protecção ambiental.
Já não é tão facilmente explicável a posição da Águas de Santo André e da holding Águas de Portugal, bem como do Governo. Perante os trabalhadores, a empresa até se comprometeu a pressionar a Sisáqua para que fossem satisfeitas todas as reivindicações dos operários, mas isso não teve consequências práticas.
.Os serviços ditos mínimos, impostos por despacho dos ministérios do Trabalho e do Ambiente, apenas vieram agravar a tensão. A pressão exercida sobre os trabalhadores, mais recentemente, procurando responsabilizá-los pelos riscos ambientais ligados ao prolongamento do conflito, também não abre portas a uma solução.
.Os trabalhadores e o sindicato exigem que a Águas de Santo André tome posse da ETAR e do pessoal, apoiados pelas autarquias locais de Sines e Santiago do Cacém, e os presidentes destes municípios exigem uma intervenção do ministro do Ambiente, mas este veio anteontem lavar as mãos nesta matéria.
.Em tais circunstâncias, como referia o comunicado sindical no início da greve, só resta aos trabalhadores lutar. Contavam e contam com um movimento de solidariedade, que reuniu sexta-feira duzentas pessoas num jantar e que promoveu uma acção pública junto à ETAR.
.A carga da GNR sobre os trabalhadores da Sisáqua foi repudiada pelos sindicatos que exigiram a imediata retirada da força policial e a averiguação do que ali ocorreu. O sindicato do sector notou que, «depois das cargas vergonhosas verificadas na Valorsul, a vergonha repete-se nas Águas de Santo André, curiosamente, outra empresa de capitais públicos», e considerou «sintomático que, mais uma vez, as forças de segurança se ponham ao lado dos patrões, contra os trabalhadores».
.Note-se que face ao ocorrido o Ministério da Administração Interna já solicitou um inquérito à Inspecção Geral da Administração Interna a fim de averiguar o abuso de poder e as ilegalidades cometidas pelas chamadas «forças da ordem» da GNR !

retirado de: http://www.pimentanegra.blogspot.com/

Vídeo da violência policial sobre os manifestantes: http://www.youtube.com/watch?v=ogllCy_bs3M