sábado, 31 de outubro de 2009
Brasil – Rio Grande do Sul - Polícia invade sede da Federação Anarquista Gaúcha
No local da FAG, na rua Lopo Gonçalves, Cidade Baixa, os policiais apreenderam vários materiais de propaganda, documentos e um computador. Integrantes da FAG prestaram depoimentos na 17ª Delegacia Policial e foram liberados. A governadora do Rio Grande do Sul é acusada de estar envolvida em uma série de escândalos de corrupção que atingiu o seu governo e resultou no afastamento de quatro secretários estaduais. Contudo, no dia 20 de outubro, a Assembléia Legislativa gaúcha aprovou relatório de comissão especial que propôs arquivar processo de impeachment contra a governadora.
agência de notícias anarquistas
Excerto de um comunicado da FAG:
«O mandado de segurança do governo busca apreender material de propaganda política contra o governo acusado de corrupção. Os cartazes abordam o empréstimo junto ao Banco Mundial e o assassinato do sem-terra Eltom Brum. Este ato é pura provocação do Executivo gaúcho, atravessado por atos de corrupção e situações até hoje sem explicação, como a morte de Marcelo Cavalcante em Fevereiro desse ano. »
Site da FAG:
www.vermelhoenegro.org/fag
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Sobre a prisão de Alfredo Bonnano e Christos Stratigopoulos - Carta de Christos Strtigopoulos para o novo Ministro da Justiça Grego
O lugar está infestado por baratas, piolhos e pulgas. Na última semana, não houve água durante dois dias e as casas-de-banho não funcionam, com consequências indescritíveis e riscos de saúde acrescidos para todos os prisoineiros.
Aquando da sua prisão, os advogados de Alfredo fizeram um pedido de liberdade condicional, isto devido à sua idade, à insignificância das acusações feitas contra ele e ao seu estado de saúde, incluindo diabetes. Não só foi este pedido recusado pelo juiz de instrução, em Trikala, como os companheiros foram enviados para Amfissa, um dos piores infernos da Grécia. Cada um poderá tirar disto as suas próprias conclusões.
Um posterior pedido de liberdade condicional para Alfredo foi feito pelos seus advogados a 11 de Outubro, por razões de ordem médica. O pedido era sustentado por numerosos relatórios médicos traduzidos do italiano, assim como por documentos demonstrando que ele tinha sido libertado da prisão para passar a um regime de prisão domiciliária (na Itália) devido ao seu estado de saúde. Este pedido foi ignorado. Um relatório do hospital de Trikala, para onde Alfredo foi levado após ter sido detido, está a ser retido pela polícia. As intenções das autoridades gregas não poderiam ser mais claras.
Segue em anexo a tradução de uma carta enviado por Christos ao novo Ministro da Justiça grego, denunciando o campo de concentração de Amfissa, deixado incólume pelos recentes motins e greves de fome em massa nas prisões gregas, que envolveram milhares de prisioneiros. - não veio nenhuma carta com o mail
Solidariedade revolucionária para com Alfredo, Christos e todos os companheiros e rebeldes detidos pelo Estado!
Pela destruição de todas as prisões!
Carta de Christos Strtigopoulos para o novo Ministro da Justiça Grego, Haris Kastanidis
Caro Senhor Ministro,
Eu sou um anarquista recentemente aprisionado na Prisão de Amfissa. Obviamente, tenho tanto a ver com o socialismo como senhor com o anti-autoritarismo. Digo isto porque ouví recentemente o Sr Georges Papandreou [o Primeiro-Ministro Grego] insistir que os seus ministros "se comportam como anti-autoritários em relação á autoridade".
Pessoalmente, sempre defendí as acções específicas, não as palavras abstractas, e é por isso - não por razões ideológicas, naturalmente - que me encontro, presentemente, na prisão.
Não pretendo fatigá-lo com as minhas palavras, estimado Ministro da Justiça, mas digo-lhe directamente que, se eu tivesse a possibilidade de mandar no sistema prisional, iria destruir ou, pelo menos, encerrar tudo. Pessoalmente, eu tenho a possibilidade de sonhar com uma forma diferente de restituição das dívidas á sociedade que imagino que o senhor nunca estaria em posição para apoiar. Mas quero informá-lo, se o senhor já não sabe, que as prisões gregas, especialmente esta de Amfissa, onde estou presentemente detido, estão a apenas um passo de distância dos campos de concentração Nazis ou dos correspondentes Gulags que existiram nos países do chamado socialismo real. Enquanto novo Ministro da Justiça, se o senhor viesse visitar as prisões, não deixaria de poder confirmar a veracidade das minhas palavras.
Por fim, desejo colocar-lhe uma última questão. O que pretende você fazer em relação ás condições actuais nas prisões gregas, Sr. Ministro? O senhor pretende continuar a amontoar homens como se fossem ratos ou será o senhor capaz de criar condições, não digo boas, mas pelo menos aceitáveis, para todos os prisioneiros? O senhor saberá, talvez, que as pessoas mantidas sob a custódia das suas leis se referem à prisão de Amfissa como um crematório.
Conscientemente,
Christos Stratigopoulos
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Ciclo de cinema Fugas - Outubro-Novembro - Terra de ninguém - Lisboa
Em algumas sextas-feiras de Outubro e Novembro,
Ciclo de cinema Fugas.
Às 20h.
16.out.- Papillon (1973)
30.out.- The great escape (1963)
13.nov.- Expresso da meia-noite (1978)
27.nov- A man escaped (1956)
Terra de ninguém- espaço anarquista
Rua do Salvador 56 (à Rua das Escolas Gerais) - Lisboa
terraninguem@yahoo.com
http://terradninguem.blogspot.com/
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
31 de Outubro, 16h30m no Centro de Cultura Libertária: Sessão de informação sobre as lutas anarquistas contra os Jogos Olímpicos
Mais informação:
http://victoriatorch.wordpress.com
http://no2010.com/
http://contrelesolympiquesde2010.anarkhia.org/
http://www.olympicresistance.net
Video (inglês): http://vimeo.com/4869353
Centro de Cultura Libertária
Rua Cândido dos Reis nº121 1ºdt. - Cacilhas
ateneu2000@yahoo.com
Amadeu Casellas põe fim à greve de fome após 100 dias...
El Miércoles 21 de Octubre, entre las 18 y 19 horas, la abogada de Amadeu recibió una inesperada llamada telefónica, en la que se identificaron como de Serveis Penitenciaris (Direcció General de Serveis Penitenciaris) y, sin darle ninguna explicación más, le decían que tenía que llamar a la Unidad Hospitalaria Penitenciaria de Terrassa (UHP), que le pondrían con Amadeu. La abogada, conociendo la grave situación de salud de Amadeu, a causa de los 100 días en huelga de hambre, llamó inmediatamente a la UHP y tras identificarse como abogada de Amadeu, le pasaron la llamada y pudo hablar con él. Amadeu le comunicó que había tomado la decisión de abandonar la huelga de hambre por graves razones de salud. Le explicó que primeramente había sufrido un desvanecimiento y que en dos ocasiones había estado a punto de entrar en coma. Le puso al corriente de la situación, para que pudiera informar cuanto antes a las personas que le están apoyando. Tras poner en conocimiento de esta situación a los grupos de apoyo, se decidió que alguno de los abogados fuera lo antes posible a ver cómo se encontraba Amadeu y confirmar definitivamente esta decisión.
Hoy, día 23 de octubre de 2009, un abogado se ha desplazado para ver a Amadeu Casellas a la Unidad Hospitalario Penitenciaria de Terrassa.
Amadeu Casellas confirma que este Miércoles 21 de Octubre abandonó la huelga de hambre, en la que ya llevaba 100 días desde el 15 de Julio de este año. El mismo Miércoles, después de tener dos crisis por las que entró prácticamente en coma, decidió dejar la huelga de hambre dado que ya se había firmado la autorización del Juez para atarlo y entubarlo para alimentarlo forzosamente.
En estos momentos se le están realizando diferentes pruebas para comprobar como están sus órganos vitales (hígado, riñones, etc…). Los niveles de azúcar parece ser que se han normalizado a 80-90 pero la tensión aún continua baja y se le está administrando suero durante las 24 horas del día.
De momento se le ha facilitado comida líquida, como caldo, y hoy le han dado también un yogur.
Después de la huelga de hambre, Amadeu arrastra una serie de secuelas como son la pérdida de sensibilidad en ciertas zonas de las piernas que, según la neuróloga, deben considerarse irreversibles. Amadeu presenta un estado físico a primera vista muy debilitado, tiene el color de la cara muy pálido y está extremadamente delgado, sobre todo en las extremidades inferiores y superiores.
En la visita se le ha intentado entrar dos cartones de tabaco, que en un principio no han permitido y sólo ante la insistencia de Amadeu han accedido a entregárselos.
Este Miércoles CNT Manresa y Amadeu Casellas han presentado una solicitud de indulto ante el Ministerio de Justicia, en la que se solicita la remisión completa de todas sus penas y, subsidiariamente, la concesión de un indulto parcial para que le limiten el cómputo de las penas por una única que no supere los 20 años.
En una primera valoración de estos últimos acontecimientos, sólo nos cabe desear que Amadeu pueda recuperarse lo antes posible, y que esos diagnósticos de irreversibilidad, no se confirmen. Confiamos en el tesón de Amadeu, y sabemos que hará todo lo posible por recuperarse, aunque se lo pongan complicado y cuesta arriba.
Desde aquí queremos aprovechar la circunstancia para enviar un fuerte abrazo cómplice y solidario, a todas aquellas personas que se han volcado en el apoya a Amadeu, con los medios a su alcance. También, expresar nuestra alegría por todas aquellas acciones que se han realizado en ese sentido, especialmente a lxs compañerxs solidarixs que de manera espontánea se organizaron para detener por unos instantes la ciudad, llenarla de carteles, pancartas y pintadas y ocupar una emisora para dar voz a la situación de Amadeu y romper el silencio y denunciar el abuso criminal de la institución penitenciaria catalana.
Sabemos que esa ya habitual actuación de Serveis Penitenciaris, de poner limitaciones y problemas a las entrevistas para conocer sus intenciones con respecto a Amadeu, van precedidas de otras mucho más inusuales como la llamada a la abogada, para facilitar su interés de que se conozca en la calle que Amadeu deja la huelga de hambre. Lo que desconoce la institución penitenciaria catalana, es que a nosotras no nos mueve únicamente la huelga de hambre de Amadeu, sino la injusticia que se está llevando a cabo con él y con tantos otros presos y presas (en su mayoría por causa de la toxicomanía o por su condición de inmigrantes), y que no abandonaremos la lucha, hasta que Amadeu esté libre y a salvo de la institución y hasta que todas las personas estemos a salvo de la continua amenaza de la prisión.
Ahora más que nunca:
LIBERTAD AMADEU CASELLAS YA!
ABSOLUCIÓN PARA NURIA, ALFONS Y PARA LXS ENCAUSADXS DEL FORAT DE LA VERGONYA!
LIBERTAD PARA LXS PRESXS EN LUCHA!
CONTRA LA CULTURA PUNITIVA Y LAS INSTITUCIONES QUE LA SUSTENTAN.
UNA INJUSTICIA EN CUALQUIER LUGAR, ES UNA INJUSTICIA EN TODAS PARTES
http://www.alasbarricadas.org/noticias/?q=node/11848
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Notícias da Grécia Rebelde
Ocupação da Universidade de Atenas
Ontem (19) pela manhã a reitoria da Universidade de Atenas foi ocupada por dezenas de ativistas. A ação visava denunciar a violência da polícia durante a mani-denúncia (contra o assassinato do imigrante paquistanês Mohamet Kamran Atio) acontecida no último sábado no bairro de Nikaia, e para exigir a libertação de todos os detidos no protesto.
Tirem as mãos do prédio ocupado Papadopétru
Em 1 de junho de 2006, durante os protestos estudantis, a Assembléia de Estudantes da Escola Politécnica de Creta, realizou uma manifestação com o objetivo de ocupar o prédio Papadopétru, no centro da cidade de Jania, na Ilha de Creta. O reitor da Escola Politécnica, Grispolákis, mostra desde o primeiro momento suas intenções chamando a polícia antidistúrbio para atacar a manifestação e impedir a ocupação do edifício. Durante à tarde do mesmo dia uma multidão de estudantes e gente solidária da cidade conseguiram ocupar o imóvel, e desde então o espaço funciona como ponto de encontro e reunião dos movimentos sociais da cidade. Lá são realizadas jornadas da Associação Estudantil da Escola Politécnica, atividades culturais e é um pólo efervescente de várias lutas, como foi em novembro de 2008, com a greve de fome de 15 imigrantes.
Em 10 de outubro último, apareceu no edifício o representante de uma construtora para anunciar aos ocupantes que, brevemente, começará o trabalho de "restauração" do edifício.
Resistência. Uma manifestação em 22 de outubro, às 17h, foi convoca pelos coletivos políticos e culturais do edifício ocupado.
Vídeo da ocupação: http://www.youtube.com/watch?v=h-5sBnaE6No
"Feliz Aniversário" reitor Grispolákis, vídeo imperdível: http://www.youtube.com/watch?v=-OIFGmg2Mac
Concerto de solidariedade
Na cidade de Volos, acontecerá no dia 22 de outubro, no CSOA Fábrica Ocupada Machágu, um concerto de solidariedade com o grupo Analema da Croácia e concentração solidária no Tribunal da cidade, onde neste dia acontecerá o julgamento dos estudantes presos durante a revolta de dezembro passado.
Manifestação em Exarchia
A Ação Unitária de Solidariedade anunciou uma nova manifestação em Echarxia, no dia 22, às 19h, contra o exército "socialista" de ocupação no bairro.
Assembléia Popular no bairro de Exarchia
Com a participação de mais de 200 pessoas foi realizada na sexta-feira, 16 de outubro, a Assembléia Popular na Praça de Exarchia.
As decisões tomadas foram: Nova Assembléia em 23 de outubro; Participação e apoio em todos os tipos de protestos por todos os coletivos; Criar uma frente comum, fora das diferenças ideológicas entre os anarquistas e esquerdistas; Presença constante na Praça e caminhadas em grupos para evitar novas prisões em massa.
Após a Assembléia foi realizada uma manifestação espontânea envolvendo cerca de 400 pessoas. Após a chegada da manifestação na rua Sturnari, um furgão da polícia antidistúrbio cruzou a rua para forçar a passagem das pessoas, mas a espontaneidade e a dinâmica do protesto expulsou os policiais e o furgão para fora da Praça. A manifestação terminou no parque auto-organizado de Exarchia.
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=IUVB0UZsNPA
Nove meses de resistência, autogestão e vida!
Nos dias 16, 17 e 18 foi realizada em Atenas uma jornada contra a destruição do Parque Auto-organizado de Kipru e Patision, e em comemoração aos 9 meses de resistência, autogestão e vida do lugar. Plantio de árvores e flores, oficinas de cerâmica, teatro, jogos lúdicos, bate-papo sobre espaços públicos, comida popular, entre outras iniciativas, destinadas principalmente para as crianças, aconteceram nesta jornada de rebeldia e autogestão, que sempre teve a companhia da chuva para alegrar ainda mais as crianças, lavar a alma, molhar a terra e regar as plantas. Bravo!
Prefeitura de Zografu é ocupada
Na quinta-feira, 15 de outubro, foi ocupada a entrada da Prefeitura de Zografu (bairro de Atenas) por vários grupos do bairro, as assembléias de bairro e estudantes. A ocupação (a segunda nos últimos dias) durou 4 horas e conseguiu cancelar a reunião do conselho de administração da Prefeitura. Os ocupantes deixaram uma mensagem clara para o prefeito do bairro ateniense que pretende vender 5 praças e espaços públicos do bairro para as empresas privadas (construtoras).
Contra o estado de terror
Em Iraklio, na Ilha de Creta, quinta-feira, 15 de outubro, mais de 200 pessoas manifestaram-se contra o estado de terror que se vive em Exarchia. Sob forte presença policial, as pessoas percorreram o centro da cidade fazendo várias pichações, enquanto os antidistúrbios não deixaram de provocar as pessoas. A manifestação terminou sem distúrbios.
Protesto contra a privatização do porto
Confrontos violentos entre a polícia antidistúrbio e trabalhadores do porto de Pireus na frente do Ministério do Trabalho, na quinta-feira, 15 de outubro. Os trabalhadores se opõem a privatização do porto e a venda de seus maquinários a uma empresa chinesa.
Fotos: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1092479
Em defesa dos rios e da natureza
Em 10, 11 e 12 de outubro aconteceu nos arredores de Atenas uma jornada anticapitalista de luta contra as barragens, em defesa dos rios, pela água e pela vida. “A importância dos rios”, “lutas contra as barragens”, “destruição e desmatamento das florestas ciliares e desvio dos rios”, “ampliação e perspectiva da luta contra o desenvolvimento”, foram alguns dos temas discutidos no evento, que também teve mostra de vídeos, exposições, comes e bebes, entre outras coisas. No dia 12, segunda-feira, houve uma concentração-denúncia na Praça Propylaea, no centro de Atenas.
Fotos de uma jornada contra a barragem de Mesochora: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1089056
agência de notícias anarquistas-ana
velho haicai
séculos depois
o mesmo frescor
Alexandre Brito
Francisco Ferrer i Guàrdia *Fundador da Escola Moderna foi executado há um século
*Fundador da Escola Moderna foi executado há um século *
Se muitos conhecem o filósofo Jonh Dewey ou o pedagogo brasileiro Paulo
Freire, a maioria desconhece que o inspirador destes reputados
pensadores foi o catalão autodidata Ferrer i Guàrdia (1849-1909).
O criador da Escola Moderna, fundamentada em ideais libertários, nasceu
a 14 de janeiro de 1859, em Alella, na Catalunha. Na adolescência começa
a contestar o regime monárquico e o poder da igreja sobre o Estado e os
cidadãos. Através da sua ligação com os republicanos, participa em
tentativas para derrubar do poder a monarquia e que visavam a
instauração da república em Espanha.
Devido à sua atividade política e social, foi exilado em Paris, em 1886,
onde conheceu o ideal libertário preconizado pelos anarquistas e
identifica-se com Paul Robin, o teórico da Pedagogia Integral e fundador
do Orfanato de Cempuis na cidade de Paris.
Em abril de 1901 Francisco Ferrer i Guàrdia recebe uma herança de uma
viúva francesa a quem dava aulas de castelhano em Paris. Aos que
tratavam de o convencer em utilizar o dinheiro para fins eleitorais,
como o líder republicano-socialista radical Alejandro Lerroux responde:
"Servirei melhor as minhas idéias fundando a Escola Moderna do que
fazendo política".
No seu livro La Escuela Moderna, Ferrer definia assim o objetivo da
Escola Moderna: "Extirpar do cérebro dos homens tudo o que os divide,
substituindo-os pela fraternidade e a solidariedade indispensáveis para
a liberdade e o bem-estar gerais para todos."
O ensino ministrado seguia as seguintes orientações: o aluno é livre,
livre inclusive de deixar a escola. O aluno goza de uma ampla liberdade
de movimentos: vai ou não ao quadro, consulta ou não este ou aquele
livro, entrega-se às suas fantasias quando isso lhe agrada, e até pode
sair da sala de aula quando tem vontade de o fazer. Não havia exames,
nem muito menos castigos e recompensas.
Na realidade, a Escola Moderna foi um importante foco de educação
popular: constituída por ensino primário, foi a primeira escola mista na
Espanha (inédito na época em muitos países europeus), de dia era para
crianças e à noite para adultos; teve aulas de francês, de inglês,
alemão, taquigrafia e contabilidade; estava apetrechada com um local
onde se realizavam conferências, vocacionado para os sindicatos e as
coletividades operárias; tinha ainda uma editora a fim de suprir a
crônica falta de material didático, e graças à qual foram editados
manuais escolares, livros para adultos, folhetos, informações e um boletim.
Aos domingos funcionava como uma universidade popular acessível a todos.
Além disso, Ferrer é defensor da educação física e da natação, ao mesmo
tempo que rejeita os jogos e as provas de competição que servem para
alimentar a vã glória dos seus participantes. Estimula os trabalhos
manuais para os rapazes, assim como a jardinagem, a limpeza e os
trabalhos domésticos, uma forma de nivelar ambos os sexos na execução
das mesmas tarefas.
O local escolhido para a instalação da primeira escola foi um antigo
convento da rua Bailén, na cidade de Barcelona, tendo aberto as suas
portas a 8 de outubro de 1901.
Não é de todo alheio à Escola Moderna e aos seus ideias o fato de a
Catalunha ter estado na vanguarda das lutas emancipadoras nos últimos
cem anos.
Em 1905 a Escola Moderna espalha-se por 147 espaços por toda a
Catalunha. Em 1908 contam-se mil alunos só na cidade de Barcelona, e
criam-se centros de ensino do mesmo gênero em Madri, Sevilha, Málaga,
Granada, Cádiz, Córdoba, Palma, Valência, assim como noutros países (em
São Paulo, Lausanne, Amsterdam e Lisboa).
Em junho de 1906, o governo espanhol fecha a escola-mãe, na rua de
Bailén, na seqüência do atentado bombista de Mateo Morral, bibliotecário
da Escola Moderna, contra a carruagem real no dia da casamento de
Alfonso XIII. Ferrer i Guàrdia é detido e processado como instigador do
atentado. Absolvido das acusações, Ferrer sai da prisão em junho de
1907, mas a Escola-mãe em Barcelona jamais reabrirá portas.
Ferrer promove a criação da revista L'École Renouvée com o subtítulo
"extensão internacional da Escola Moderna de Barcelona", cujo primeiro
número é editado em Bruxelas a 15 de abril de 1908 e onde explicitamente
se defendia que o militarismo era um crime, que a distribuição desigual
dos rendimentos devia ser abolida, que o sistema capitalista era
prejudicial aos trabalhadores e que a política dos governantes era
injusta. Também defendia a não-violência.
Ao fundar em 1908 a "Liga Internacional para a educação racional da
infância" conta com apoiantes de peso como Languevin, Bernard Shaw,
Berthelot e Gorki.
No ano seguinte, vários protestos eclodiram na Catalunha contra a guerra
da Espanha com Marrocos. Estes acontecimentos ficaram conhecidos como
Semana Trágica e foram marcados pela revolta da população de Barcelona
que queimou igrejas e conventos, obrigando as autoridades a abandonar a
cidade. No período da revolta, Ferrer encontrava-se de visita a um irmão
que morava em Barcelona. A repressão que se seguiu à Semana Trágica
prendeu e condenou dezenas de pessoas, entre elas Ferrer, preso no dia 1
de setembro. O Tribunal de Guerra reunido para os julgamentos aplicou
penas que variavam de prisão perpétua à execução. A favor de Ferrer
levantaram-se vozes em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Mas
para que a 'ordem' monárquica e eclesiástica se restabelecesse era
imperioso que Ferrer fosse julgado no Tribunal de Guerra, sem
testemunhas de defesa.
No dia 09 de outubro, o Conselho de Guerra abriu a sessão e ouviu as
contraditórias testemunhas que acusavam Ferrer. A acusação que pesava
sobre Ferrer de ser o líder intelectual da Semana Trágica baseava-se
unicamente numa denúncia formulada numa carta remetida por prelados de
Barcelona.
No mesmo dia foi dado o veredicto final: a pena de morte. A execução
ocorreu em 13 de outubro de 1909, na Fortaleza de Montjuich.
*agência de notícias anarquistas-ana*
Eolo Yberê Libera
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Após 14 dias, António Ferreira abandona greve de fome, mas continua em luta
Desde a sua transferência à força para este pavilhão que António iniciou um protesto que a prisão tentou encobrir. Só agora, através da visita do advogado, confirmámos que ele nunca esteve em greve de sede e que começou a comer no dia 12 de Outubro, por razões de saúde. Tinha já debilidades e dores no aparelho digestivo. O nosso companheiro não pretende ceder nas suas reivindicações quanto às celas onde o querem pôr e, portanto, insiste na transferência para outro estabelecimento prisional.
Continuaremos a informar, assim que se souber mais novidades."
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Passeio pela Memória Histórica Anarquista de Setúbal Domingo 11.10 às 11h
Este passeio tem como objectivo relembrar as origens da cidade de Setúbal e algumas das histórias e processos de organização e lutas travadas pelas suas gentes. Esta experiência realizada pela primeira vez no ano de 2007, acontece uma vez mais durante as celebrações do aniversário da C.O.S.A e com a colaboração do companheiro Paulo Guimarães. Mais do que uma exaustiva apresentação do tema, propomo-nos a relembrar o pulsar anti-autoritário das veias Sadinas querendo estimular a curiosidade e a pesquisa daquela história que não é escrita pelos "vencedores".
Para lá dos bairrismos e localismos, para lá do nacionalismo populista que fala do povo e da sua cultura com sangue nas mãos, para lá de tudo isto está a partilha e o conhecimento de uma memória histórica rica em cultura que nos une enquanto indivíduos e comunidades, não debaixo de qualquer bandeira, fronteira ou grupo; mas sobre as ideias de Liberdade Autonomia e Solidariedade, partilhando espaços terras ou cidades.
Setúbal, 11 de Outubro de 2009
Anarquistas das terras do Sado.
Saída ás 11h de dia 11 na Pça do Bocage.
ACÇÃO DE SOLIDARIEDADE COM ANTÓNIO FERREIRA
Hoje, dia 8 de Outubro, realizou-se uma acção de solidariedade com António Ferreira junto à Embaixada Portuguesa em Roma. A acção consistiu numa concentração de 7 pessoas à porta da embaixada, distribuindo informação sobre a situação do António, enquanto outras três entraram exigindo o envio de faxes de protesto às instituições responsáveis por esta tortura. Simultaneamente meteu-se uma faixa na entrada na qual se podia ler : “BASTA TORTURE. ANTÓNIO FERREIRA LIBERO! ( por motivos técnicos não podemos mostrar as bellissimas fotos tiradas). Depois de alguma insistência foi garantido que os faxes foram enviados e que as entidades seriam informadas da situação actual do Antonio.
O objetivo foi cumprido, destabilizar o normal funcionamento desta instituição, de modo a pressionar os responsáveis pela situação actual em que Antonio se encontra e para que se apercebam que estamos atentos e solidários.
Não nos calaremos perante este silêncio!
Não vamos parar até que António esteja livre...com folclore ou sem ele!
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
9º aniversário da COSA
Sábado 10/10
15:00h: Conversa/Debate sobre Solidariedade Revolucionária a partir de um texto ("discussão sobre solidariedade revolucionária")
20:00h: Jantar “Bela Vida” [Traz comida e bebida]
Domingo 11/10
a partir das 15:00h: Churrascada, música e cinema na rua.
Casa Okupada de Setúbal Autogestionada
Rua Latino Coelho nº2,
Bairro Salgado,
Setúbal
(junto à estação dos autocarros)
TERRA de NINGUÉM- Espaço Anarquista em Alfama
Uma tentativa de encontrar e comunicar com companheiros e todos aqueles que anseiam por uma vida sem controlo. Um contexto onde a base de encontro seja a vontade de atacar as diferentes faces da dominação.
Longe de ser algo acabado e estático é algo com o qual queremos ir cada vez mais longe continuando a sua construção e a nossa enquanto indivíduos.
Através dos livros, discussões e encontros pretendemos descobrir e desenvolver métodos, partilhar perspectivas e práticas onde nos possamos continuar a inspirar e inspirar aqueles que, connosco, se cruzam na partilha do conflito, no anti autoritarismo e na informalidade das relações.
Tentaremos sempre, que o espaço não seja um fim em si mesmo e que não exista porque sim.
Terra de ninguém- espaço anarquista
Rua do Salvador 56 (à rua das escolas gerais)
Lisboa
www.terradninguem.blogspot.com
terraninguem@yahoo.com
Bonanno e Stratigopoulos detidos na grécia
teóricos do anarquismo insurrecionalista foi preso na Grécia por
tentativa de assalto a um banco. Com ele foi preso o anarquista grego
Christos Stratigopoulos. A presença de Bonano na Grécia a 48 horas das
eleições legislativas e num momento em que se assiste a uma onda de
atentados e ataques ao estado de teor anarquista, pôs em alarme o
antiterrorismo, que enviou alguns dos seus próprios homens.
Bonano, nascido em Catânia em 1937, autor de livros como “Prazer
Armado”, pelo qual é condenado nos anos setenta e “Anarco
Insurrecionalismo”, foi preso dia 2 de Outubro na cidade de Trikala,
depois de ter ajudado Stratigopoulos a fazer um assalto à mão armada que
rendeu cerca de 50000 euros.
A notícia da prisão deste revolucionário, difundiu-se nos ambientes anarquistas onde se fala de “acções de solidariedade” em seu favor.
Bonano, teórico da violência revolucionária e de roubos para financiar a
luta anarquista, é conhecido nos ambientes anarquistas gregos que se
inspiram nas sua obras.
Fonte: Unione Sarda
No local da detenção em Trikala, Grécia centro setentrional, está uma
unidade “antiterrorista”. Bonanno, segundo as fontes da polícia, foi
detido após ter ajudado um cúmplice grego de 46 anos a cumprir um assalto
à mão armada que lhes rendeu 50000 euros. Segundo a reconstrução da
polícia Bonanno teria esperado fora do Banco de Pireo, em Trikala, o seu
companheiro grego que, camuflado com uma peruca e bigode falso, teria
obrigado um trabalhador a dar-lhe os 50000 euros em dinheiro. Fora do banco
ter-se-ía encontrado com Bonanno que se teria afastado num carro. Bonanno
estava alojado na cidade vizinha de Kalambaka onde a polícia encontraria
sucessivamente o dinheiro e uma pistola. O italiano e o grego foram presos
no seguimento do testemunho de um jovem que teria assistido ao roubo
chamando a polícia.
Tradução do sito informa-azione.info
terça-feira, 6 de outubro de 2009
RELATO DE UMA CONCENTRAÇÃO EM SOLIDARIEDADE COM ANTÓNIO FERREIRA
No dia 03 de Outubro, Sábado, 16 pessoas deslocaram-se ao Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, onde António Ferreira continua isolado no pavilhão de segurança.
Segundo apontam as respostas que obtivemos, apesar da tentativa de encobrir e esconder este protesto, ele encontra-se em greve de fome e de silêncio desde dia 28 de Setembro. Como não há nenhum contacto directo com ele, nem a cadeia dá essa informação, não sabemos se está em greve de sede, porque são já demasiados dias sem beber, sem que o transfiram para o hospital prisional.
A concentração decorreu durante 2 horas e meia, período que coincidiu com o horário das visitas. Foi distribuído um folheto com um texto informativo da situação do nosso companheiro e gritaram-se frases contra as prisões, o estado e os carcereiros. Fez-se o máximo de barulho possível na tentativa de dar a conhecer a nossa presença para dentro dos muros.
Apesar da chegada da GNR mais para o fim da concentração, não houve sequer identificações. A nossa presença foi um incómodo para a "normalidade" do funcionamento da prisão, as pessoas que íam visitar reclusos mostraram-se solidárias várias vezes e muitos dos carros que por ali passavam apitavam para dar força. Temos informação de que alguns folhetos passaram para dentro e circularam entre os presos.
No entanto, o companheiro António Ferreira continua isolado do resto dos presos e, portanto, supomos que sem conhecimento da nossa presença nesse dia à porta da prisão.
É urgente continuarmos a pressionar com tudo o que esteja ao nosso alcance, mostrando assim a nossa solidariedade com quem não se deixa calar por este sistema!
"Que cada voz se torne num trovão que fere os ouvidos, que cada faísca se torne num fogo selvagem que faça ruir e incendeie este mundo podre de celas visíveis e invisíveis."
Giannis Dimitrakis
TEXTO DISTRIBUÍDO DURANTE A CONCENTRAÇÃO:
António Ferreira de Jesus em protesto.
Solidariedade com os presos em luta.
António Ferreira de Jesus começou um protesto contra as falhas na reforma das celas. É verdade que deixou de existir o "balde higiénico" no E.P. de Pinheiro da Cruz, mas os reclusos perderam direitos que já lhes eram conferidos: o direito a ter luz de leitura na cela sem ter de fazer pedidos à directora, ou por exemplo o direito à privacidade no duche sem ter de partilhar o chuveiro com 6 outros reclusos.
No passado dia 28 de Setembro, o António foi transferido à força para o pavilhão de segurança (conhecido entre os recluso como Big Brother) como castigo pela sua recusa em ser transferido para a ala 3.
Neste momento o António encontra-se incomunicável desde segunda-feira e apesar de ser difícil conseguir saber o que se passa, temos a informação de que está em greve de fome, sede e silêncio.
Do E.P só nos dizem que o António não preencheu o impresso da greve de fome (!) e quando lhes é perguntado se ele está a comer ou a beber, não confirmam nem desmentem e apenas nos é dito que "ele está a ser acompanhado pela equipa médica". Tanto estas "respostas" como a sua atitude revelam que a direcção da prisão está declaradamente a encobrir uma greve de fome negando-se a dar informações que sejam dignas desse nome.
Perante esta situação exigimos que seja satisfeita a reivindicação de transferência para outro E.P. feita pelo António.
Estamos aqui hoje em solidariedade com António Ferreira e com todos os presos que lutam e se erguem contra o sistema prisional.
Não existem reformas possíveis para uma prisão, pois estas são centros de extermínio e só a sua destruição é solução.
25 de Abril de 2007: Solidariedade contra a farsa judicial montada em torno das onze pessoas que vão a julgamento dia 7 de Dezembro
Este texto pretende relembrar a carga policial que aconteceu na manifestação Anti Fascista e Anti Capitalista no dia 25 de Abril de 2007 e apelar à solidariedade contra a farsa judicial montada em torno das onze pessoas que vão a julgamento dia 7 de Dezembro
No dia 25 de Abril de 2007 decorreu uma manifestação Antiautoritária contra o Fascismo e o Capitalismo em Lisboa que reuniu aproximadamente 500 pessoas. Tendo iniciado na Praça da Figueira em ambiente contestatário, mas festivo e sem incidentes, várias pessoas aderiram à manifestação ao longo do percurso Rossio, Rua do Carmo, Rua Garrett até ao Largo de Camões.
Após um breve período em que a manifestação permaneceu no largo Camões, esta continuou espontaneamente pela Rua Garrett em direcção ao Rossio. A presença constante da polícia durante a trajectória fez com que o clima entre as partes fosse de tensão. A meio da Rua do Carmo, duas hordas de elementos do corpo de intervenção da PSP e polícias à paisana encurralaram os manifestantes na rua fechando as saídas e, sem qualquer ordem ou aviso de dispersão, começaram a agredir brutal e indiscriminadamente manifestantes, transeuntes e até mesmo turistas.
A polícia não tentou dispersar ninguém, pelo contrário, quis bater, espancar e atacar os manifestantes. Pessoas que caíram no chão indefesas foram ainda agredidas por vários polícias à bastonada e ao pontapé. Houve perseguições por parte da polícia, levadas a cabo de forma bastante agressiva, no local onde decorria a manifestação e por toda a Baixa de Lisboa. Foram detidas onze pessoas e foi impossível contabilizar todos os feridos entre manifestantes e pessoas alheias ao protesto. Aos manifestantes juntaram-se, no fundo da rua do Carmo, vários transeuntes e lojistas contra a brutalidade policial.
Com o apoio dos media, as forças policiais criminalizaram o protesto, procurando encontrar legitimidade para a sua acção repressiva que é um tipo de conduta permanente por parte do Estado, como podem comprovar, a título de exemplo, os habitantes de bairros sociais. Assim sendo, a detenção dos onze manifestantes surge como modo de justificar mais uma carga policial.
Para além da detenção, estes manifestantes ficaram ainda sujeitos à medida de termo de identidade e residência, tendo sido acusados de agressão, injúria agravada e desobediência civil, acusações estas que, na verdade, caracterizam a actuação policial. Querem convencer-nos que o mundo é o inverso daquilo que realmente acontece, uma vez que as únicas agressões à polícia foram em legítima defesa, postura à qual não se deve renunciar.
No próximo dia 7 de Dezembro vai ser o julgamento dos onze acusados nas novas instalações judiciais localizadas no Parque das Nações/Oriente.
Apelamos à solidariedade em relação a esta situação em particular, enquadrada num contexto de exploração e opressão quotidiana que não deixaremos de combater.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Urgente: António Ferreira em greve de sede, fome e silêncio
António Ferreira de Jesus, de 68 anos, preso há 15 anos, encontra-se actualmente em Pinheiro da Cruz e viu uma vez mais, a liberdade condicional a ser-lhe negada em Julho deste ano.
Dia 28 de Setembro a direcção do E.P. quis transferir o companheiro para uma cela nova, numa ala recentemente reconstruída- essas "reformas" implicam que não haja direito a um candeeiro de leitura ou que, por exemplo, os duches não tenham divisórias, o que obriga a que os presos tenham de tomar banho em conjunto.
O António recusou-se à mudança com base nestas condições. Face a esta recusa, a direcção e os guardas decidiram que o levariam à força, não para a cela prevista, mas para o pavilhão de segurança (chamado de "big brother", num regime de separação total dos outros reclusos, ao abrigo do artigo 111).
Perante isto o António entrou em greve de silêncio, de sede e de fome.
No entanto, os responsáveis da cadeia não reconhecem estas greves porque o companheiro não preencheu o impresso que existe para oficializar o protesto (!)
Não sabemos em que situação ele se encontra, nem que acompanhamento está a ter.
Sabemos quem está por detrás desta situação: a direcção do E.P., a Direcção Geral dos Serviços Prisionais e outros organismos do Estado português.
É urgente pressioná-los, da maneira que achares mais eficaz!
A solidariedade é uma arma!
Pela destruição das prisões e de quem as constrói!
Contactos das entidades responsáveis:
Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz
7570-784 CARVALHAL - GRÂNDOLA (PORTUGAL)
Telefone: (00351) 265 490 620
Fax: (00351) 265 497 078
Correio Electrónico: eppcruz@dgsp.mj.pt
Direcção-Geral dos Serviços Prisionais:
Travessa da Cruz do Torel, nº1 1150-122 Lisboa (PORTUGAL)
Telefone: (00351) 218 812 200
Fax: (00351) 218 853 653
Correio electrónico: dirgeral@dgsp.mj.pt
Provedoria de Justiça
provedor@provedor-jus.pt
Morada: Rua Pau de Bandeira, 9
1249-088 LISBOA
PORTUGAL
Telefone: (+351)213926600/19/21/22
Linha Azul: (+351)808200084
Fax: (+351)213961243
Inspecção Geral dos Serviços de Justiça
correioIGSJ@igsj.mj.pt
Fax: (00351) 213223666
Ministério da Justiça
ministro@mj.gov.pt
Fax: (00351) 213468031
Se optares por enviar cartas ou faxes, aqui vai um modelo de texto
António Ferreira de Jesus, de 68 anos de idade, com mais de 45 anos de prisão cumpridos, actualmente no E. P. de Pinheiro da Cruz, continua a sofrer ameaças de morte por parte de alguns guardas prisionais, conforme declarações suas efectuadas no Tribunal de Grândola há cerca de um ano.
Apesar de reúnir todos os requisitos para a Liberdade Condicional, esta continua a ser-lhe negada.
A última vez que foi proposto para a Liberdade Condicional, foi-lhe prometido que o parecer do concelho técnico lhe seria favorável. Posteriormente, verificou-se que o parecer foi desfavorável por unanimidade.
Criar falsas expectativas na mente de um recluso, sobretudo um preso com mais de 45 anos de prisão cumpridos, é equivalente a induzi-lo ao suicídio.
A última decisão do indeferimento à Liberdade Condicional é a reprodução exacta do primeiro indeferimento, no qual, pidescamente, faz referência às convicções políticas do recluso como indicador negativo do seu processo de “reinserção” social.
E para cúmulo, na noite de 28 do presente mês, António Ferreira de Jesus, por se recusar a mudar para uma Ala que viola os seus direitos (a nova Ala tem condições de “vida” incompatíveis com os critérios da jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem), foi submetido ao castigo do regime 111º, ou seja, separado de toda a população prisional, uma prisão dentro de outra prisão, onde os presos sofrem todo o tipo de humilhações e são fortemente induzidos ao suicídio; e onde vários já apareceram suspeitosamente mortos.
António Ferreira de Jesus encontra-se, desde a noite de 28 do presente mês, em greve de sede, greve de fome e em greve de silêncio, em protesto contra a feroz perseguição de que continua a ser alvo.
Não aceitamos que a vergonhosa estatística de mortandade do vosso extermínio aumente com o eventual cadáver do António Ferreira de Jesus.
Fazemos responsáveis a directora do E. P. de Pinheiro da Cruz, A Direcção Geral dos Serviços Prisionais e a quem mais de direito, de todas as consequências advindas da greve de sede, da greve de fome e da greve de silêncio em que o António Ferreira de Jesus se encontra.
Protestamos veementemente contra a perseguição que o António Ferreira de Jesus está a ser alvo por defender a sua dignidade e exigir o cumprimento dos seus direitos.
Exigimos já o fim à perseguição ao António Ferreira de Jesus e a sua imediata transferência para Coimbra ou Izeda, conforme a sua pretensão.
SOLIDÁRIOS/AS COM TODOS/AS OS/AS PRESOS/AS QUE LUTAM PELA DEFESA DA SUA DIGNIDADE!