Etiquetas

quarta-feira, 31 de março de 2010

Agora que o sol voltou, vamos em visita à escola da Ponte?


Estava prometida uma visita da Gato Vadio, e dos habituais amigos e amigas do projecto, à escola da Ponte.

Esta visita é aberta à participação de todos os interessados que queiram conhecer esta escola única no país.

A Gato Vadio, além de convidar todos os “vadios e vadias” a rumarem a Vila das Aves, lança a ideia de organizarmos um núcleo de pessoas que desejem criar uma incubadora de um projecto pedagógico no Porto, baseado nas mesmas práticas humanas e pedagógicas da escola da Ponte.

Para facilitar a logística de uma visita colectiva, sugerimos aos interessados a opção confortável de irmos de comboio. A estação fica muito perto da escola da Ponte e a partida seria de São Bento (Porto) e/ou Campanhã.

Apontamos os seguintes dias para efectuarmos a visita:

15 de Abril, quinta-feira
20 de Abril, terça-feira
21 de Abril, quarta-feira

A saída poderia ser no comboio das 10h05 (São Bento). Demora 1h05 e custa 1,80€.
Por favor, os interessados devem enviar um email para gatovadio.livraria@gmail.com com o assunto “visita à escola da Ponte” indicando o dia em que preferem fazer a visita e deixando o contacto.

Até ao dia 10 de Abril responderemos aos interessados, divulgando os vários agrupamentos de acordo com os 3 dias sugeridos. Nada obsta, obviamente, a que se façam 3 visitas nos três diferentes dias sugeridos. No entanto, seria mais interessante agrupar o maior número de pessoas numa só visita.

Por favor, enviem-nos sugestões sobre esta proposta de visita.

Para quem ainda não conhece, segue uma breve apresentação da escola da Ponte:

A Escola da Ponte foi fundada em 1976. Encontra-se numa área aberta em Vila das Aves. Os alunos formam grupos heterogéneos, não estando classificados, agrupados ou distribuídos por turmas nem por anos de escolaridade que, na prática, não existem. Não há salas de aula mas sim espaços de trabalho, onde não existem lugares fixos. Essa subdivisão foi substituída, com vantagens, pelo trabalho em grupo heterogéneo de alunos. Do mesmo modo, não há um professor encarregado de uma turma ou orientador de um grupo; em vez disso, todos os alunos trabalham com todos os orientadores educativos.

Quinzenalmente os grupos de trabalho (alunos) decidem que actividades vão fazer na quinzena; diariamente os elementos dos grupos de trabalho fazem o seu plano de tarefas diárias em consonância com os objectivos estipulados quinzenalmente por todos.

A escola reúne semanalmente em assembleia-geral. Todos dispõem dos mesmos direitos neste espaço de debate, discussão e decisão sobre os problemas da escola. A assembleia é aberta à população da vila.



Dos princípios fundadores que orientam a escola e todos aqueles que dela fazem parte, salientamos dois:

“A intencionalidade educativa que serve de referencial ao projecto Fazer a Ponte orienta-se no sentido da formação de pessoas e cidadãos cada vez mais cultos, autónomos, responsáveis e solidários e democraticamente comprometidos na construção de um destino colectivo e de um projecto de sociedade que potenciem a afirmação das mais nobres e elevadas qualidades de cada ser humano.”

“A Escola não é uma mera soma de parceiros hieraticamente justapostos, recursos quase sempre precários e actividades ritualizadas – é uma formação social em interacção com o meio envolvente e outras formações sociais, em que permanentemente convergem processos de mudança desejada e reflectida.”



(ver mais info em: http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/)



Vamos fazer a Ponte!

Gato Vadio




1 de Abril, concertos na Kylakancra


No Vale de Ana Gomes
subúrbios de Setúbal

kylakancra@gmail.com

quinta-feira, 18 de março de 2010

FEIRA DO LIVRO ANARQUISTA dias 21, 22 e 23 de Maio de 2010


Estamos de volta!

A partir das publicações, do convívio e dos debates queremos partilhar experiências, discutir ideias e possíveis esforços futuros na luta contra a autoridade em todas as suas formas e manifestações.

Numa tentativa de descobrir potenciais cúmplices, continuamos a dar importância à palavra escrita enquanto ferramenta de comunicação e ataque.


21, 22 e 23 de Maio 2010
Lisboa


Entrega de proposta de actividades até dia 8 de Abril e bancas até 24 de Abril

Para mais informação:
feiradolivroanarquista.blogspot.com
feiradolivroanarquista@gmail.com

FEIRA DO LIVRO ANARQUISTA 2010_ Convite para exposição de cartazes

A Feira do Livro Anarquista de Lisboa irá acontecer de 21 a 23 de Maio e, para além das bancas, dos debates e do convívio queremos organizar uma exposição de cartazes que tente abranger focos de luta em que nos revemos, vindos de diferentes lugares.

O cartaz, enquanto meio de comunicação público, enquanto transmissor de mensagens e imagens que denunciem e ataquem a autoridade sob todas as suas formas, tem a sua própria estética, mensagem e transmite o pulsar da revolta em determinada época e lugar.



Queremos forrar as paredes do espaço da nossa feira com vários cartazes e contamos com a vossa ajuda para o fazer.

Se possível, enviem uma tradução (português, castelhano, francês, italiano e inglês) do conteúdo do cartaz.

Esperamos também que possam aparecer!

Data limite: 1 de Maio

Morada:
Centro de Cultura Libertária
Apartado 40
2800-801
Almada - Portugal

segunda-feira, 15 de março de 2010

20 de Março - CCL (Almada) - "Os Conspiradores do Prazer" + Jantar Benefit para a COSA

16h30 - "Os Conspiradores do Prazer" de Jan Švankmajer

20h30 - Jantar vegetariano em solidariedade com a C.O.S.A. (contribuição livre)

Centro de Cultura Libertária
Rua Cândido dos Reis, 121, 1º Dto. - Cacilhas - Almada
http://culturalibertaria.blogspot.com

"Os Conspiradores do Prazer"

Filme do surrealista checo Jan Švankmajer em que uma série de personagens se envolvem em cena na procura dos prazeres mais mirabolantes. Inspirado por Sacher Masoch, Marques de Sade, Buñuel e Max Ernst, Švankmajer consegue ir até aos limites da imaginação humana ao expressar neste filme as formas mais estranhas mas também mais obscuras e intrínsecas na procura do prazer sensual e sexual, sempre duma forma absurda e hilariante. Sem que exista própriamente uma linguagem, a expressividade das personagens surge-nos através da música que acompanha cada uma delas em cena. Este filme é assim uma viagem pelos limites da imaginação humana na sua procura pelo prazer sensual.

Duração: 85 minutos

Club Aljustrelense - Apresentação da revista Alambique nº3 com jantar, conversa e concerto - ADIADO - DATA A ANUNCIAR EM BREVE

ADIADO - NOVA DATA A ANUNCIAR EM BREVE

no Club Aljustrelense

Jantar + Conversa + Apresentação Alambique nº 3 + Concerto Massey Fergunson

Alambique nº 3: http://www.fastnbulbous.eu/fnb/alambique03_BQ.pdf

http://www.goncalvescorreia.blogspot.com

Do editorial…

As páginas que se seguem cruzam-se propositadamente entre si. Nelas surge um olhar para um passado (recente), que não tem outro objectivo senão o de querer experimentar agora um possível futuro. Quisemos reaver uma história cujo silêncio dos seus protagonistas – a geração dos nossos pais – é muito mais incómoda do que a lembrança diária de vivermos numa sociedade alienada. Daí a importância, como nos diz Jorge Valadas, de recuperar na nossa memória social as virtualidades da insurreição social do 25 de Abril. E ver que o problema não foi a derrota, mas a integração e a submissão desses homens e mulheres cujos valores transmitidos aos seus filhos assentaram unicamente nos valores consumistas desta sociedade capitalista do bem-estar e do progresso.

Hoje não se luta por grandes ideais. Mas os anarquistas sabem-se acompanhados na crescente conflituosidade social de quem hoje luta pela sua sobrevivência quotidiana. Por mais “planos tecnológicos” de desenvolvimento que nos rodeiam e que nos prometem, o sistema é cada vez mais incapaz de esconder os sinais da sua própria crise e falência. O cada vez maior aparato estatal e de controlo que nos cerca, apenas nos envolve cada vez mais nesse estado de latente conflito, sobre o qual a principal preocupação que reina, é a de que por via do medo nos digladiemos apenas uns com os outros e não saibamos dirigir pronta e directamente o ataque.

A necessidade de referências, é pois, mais do que nunca necessária para ajudar a agir e a pensar o futuro. Uma das referências que temos insistido surge em torno da “ruralidade”. Porque no evoluir da relação do Homem com o Campo se explica hoje boa parte do desastre da presente humanidade, edificada que foi esta numa relação do domínio tecnológico e economicista sobre a natureza. Uma relação que esvaziou e impediu a sã relação do homem com a terra, naquilo que era a ruralidade. Reivindicar essa memória telúrica com a natureza, não só é urgente como pode acontecer em várias e diversificadas experiências que podemos empreender.

Estes caminhos futuros não serão possíveis sem um compromisso, antes de tudo individual, e o qual, por diversas formas, assumirá um sem fim de possibilidades. E para que ainda estejamos a tempo, não há lugar nesse caminho ao consenso com o desenvolvimento capitalista que agora dizem de sustentável. Como não há tempo para que as nossas vidas sejam mediadas pelo sindicalismo que negoceia a “paz social” com os patrões, ou com os ecologistas que se esgrimem por um minuto verde nestas horas de morte… “A ruptura, quando existiu e se existir de novo, só será possível a partir de um movimento social profundo que põe em causa os fundamentos da produção actual, a sua lógica”.

sábado, 13 de março de 2010

Nova jornada de protestos e greves na Grécia


Dezenas de milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira (11) em toda a Grécia contra as medidas de austeridade econômica anunciadas pelo governo grego na semana passada. Estima-se que pelo menos 150 mil pessoas participaram de uma passeata no centro de Atenas. Em Tessalônica, a segunda maior do país, aproximadamente 20 mil pessoas tomaram as ruas da cidade gritando palavras de ordem contra banqueiros e autoridades.

A greve de 24 horas paralisou os transportes aéreos e marítimos, assim como os serviços ferroviários. Apenas uma linha de metrô funcionou em Atenas, para permitir aos grevistas o comparecimento às passeatas. Os demais transportes urbanos, como ônibus e bondes, foram completamente paralisados.

O protesto provocou também o fechamento das escolas e dos prédios da administração pública. Bancos e grandes empresas do setor público, como água, telefonia e luz, funcionaram com um pequeno efetivo. Os hospitais públicos tiveram apenas os serviços de emergência.

O país também esteve sem informações nas rádios e canais de televisão, já que o sindicato de jornalistas aderiu à paralisação. Os veículos de informação transmitiram apenas músicas e programas de entretenimento. Os jornais não serão publicados na sexta-feira.

Muitos donos de lojas no centro da capital fecharam as portas, em uma medida de precaução contra possíveis distúrbios nas manifestações.

Em Atenas, o principal foco dos protestos, grupos de anarquistas quebraram vitrines de lojas de luxo, multinacionais, bancos e carros, além de lançar coquetéis molotov e bombas de tinta contra policiais. A polícia utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para conter os manifestantes anarquistas. Houve duros confrontos em frente ao Parlamento e também perto da Universidade Politécnica. Dezenas de manifestantes foram detidos.

Também houve registros de expropriações de pelo menos dois supermercados pertencentes a uma grande empresa na capital helênica.

Fotos:

› http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1142306

› http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1142386

agência de notícias anarquistas-ana

[Espanha] Amadeu Casellas é libertado depois de 24 anos preso


Foi libertado nesta terça-feira (9), ao meio-dia, o anarquista Amadeu Casellas, depois de passar 24 anos preso.

O diretor da prisão de Girona unificou os expedientes do antigo código penal e do novo e, uma vez feito os cálculos de penas, concluiu que Casellas já tinha cumprido oito anos de carceragem que não lhe correspondiam. Há muito tempo que Casellas e seus companheiros denunciavam esta situação, mas os responsáveis pela Justiça e centro penitenciários espanhóis "sempre tinham recusado" tal demanda.

Amadeu Casellas foi preso por ter participado numa série de assaltos a bancos com o objetivo de financiar lutas anarquistas, sociais e operárias na Espanha dos anos 70. Em nenhuma ação ele cometeu crime de sangue.

agência de notícias anarquistas-ana

quinta-feira, 11 de março de 2010

Jantar Árabe no Terra de Ninguém


Este Sábado, a partir das 20h

No espaço anarquista
Terra de Ninguém
R. do Salvador, 56
Alfama
Lisboa

www.terradninguem.blogspot.com

terça-feira, 9 de março de 2010

Boletim Anarco-Sindicalista nº 34 (Janeiro-Março 2010)

Download em PDF: http://www.freewebs.com/aitbas/bas/BAS_34.pdf

http://ait-sp.blogspot.com

Chile – Um companheiro descreve a situação terrível que se vive em Concepción


Retirado e traduzido de hommodolars.org, via http://sysiphus-angrynewsfromaroundtheworld.blogspot.com

Companheiros, estamos a escrever para vos dar a conhecer a delicada situação vivida na cidade de Concepción. Temos sido tema de notícia nos media, de forma mórbida e insensível, apoiante da extrema militarização e medidas de segurança hoje em dia tão ridículas que temos apenas 6 horas por dias de “livre trânsito”. Além do mais, queremos denunciar a escassez que atingiu a grande maioria de cidadãos pobres, que obtêm muitas promessas mas nenhuma solução.

1. Até hoje, nenhuma autoridade – àparte o exército – apareceu nas zonas pobres nem que fosse para examinar os danos provocados pelo sismo, ou para saber se as pessoas estão vivas ou mortas.

2. Por exemplo: no bairro de Aguita de la Perdiz os cidadãos, em desespero, foram saquear em massa o supermercado Santa Isabel. Este supermercado não vende bens electrónicos nem de luxo, e as pessoas levaram aquilo de que precisam, ou seja, comida e água. O mesmo aconteceu noutras zonas pobres. Por sua vez, a televisão noticiou ad nauseum uma imagem de alguém a luvar um écran de plasma. Não estamos a condenar o saque de bens electrónicos, apenas a constatar que este é um fenómeno em pequena escala, comparado com o saque de produtos que são indispensáveis, como comida, água e leite.

3. Devido aos saques, as autoridades decidiram “punir” diferentes regiões, deixando-as sem qualquer ajuda e nao reestabelecendo serviços essenciais. A presidente da câmera, recentemente nomeada governadora da região pelo governo de direita, assumiu-o abertamente.

4. Agentes da PDI têm espalhado boatos absurdos, como o de “hordas” de delinquentes terem descido à cidade (não há gasolina e há soldados em todo o lado. Como é que estas “hordas” chegavam lá, de helicóptero?). Tudo isto criou um clima de insegurança e paranóia entre os cidadãos, que criaram grupos de vigilantes nas suas zonas durante a noite, com paus e armas de fogo. Uma situação verdadeiramente perigosa que, juntamente com o cansaço, a tensão e a fome pode desencadear actos de violência entre os próprios pobres.

5. Neste momento a comida começa a escassear nas áreas mais pobres e não há dinheiro para comprar nada.

6. As condições de saúde são terríveis, as crianças e os velhos começam a adoecer. A clínica e o hospital estão em colapso.

7. NÃO TEMOS NENHUMA AJUDA. Se não tivessem havido saques durante os últimos dias as pessoas nas áreas mais pobres estariam a morrer à fome. Sabemos que a situação é ainda mais trágica noutras cidades, mas este “castigo” de toda uma região por não ter respeitado a ordem estabelecida parece-nos um comportamento criminoso, para não dizer mais. Por fim, consideramos que os boatos espalhados de forma deliberada pelo PDI devem ser considerados actos de terrorismo, pois visam lançar o terror entre os pobres.

Raids políticos em Turim contra anti-racistas

A 23 de Fevereiro agentes da DIGOS fizeram buscas em dezenas de casas de companheiros em Turim e noutros locais no norte de Itália, sob ordens do procurador Padalino. Seis companheiros foram detidos (três estão na prisão e os restantes em prisão domiciliária) e muitos outros viram as suas casas invadidas por agentes uniformizados que apreenderam computadores, telemóveis e caixas de papéis. A acusação justificativa desta enorme operação policial é, como de costumes, a de conspiração, a qual permite aos polícias prender companheiros acusados de nada mais do que... a sua actividade anti-racista!

Como denotam os relatórios policiais, de facto, as acusações contra os companheiros estão ligadas a iniciativas públicas, concentrações, acções nas ruas e nas praças, distribuição de flyers; tudo coisas que visam romper o silêncio que reina no racismo generalizado e no delírio securitário característicos da Itália actual.

Para quem ainda não reparou, campos de concentração podem ser encontrados por toda a Itália, onde mulheres e homens são fechados à chave, cujo único “crime” foi o de conseguirem fugir dos seus países sem se afogarem como centenas de outros migrantes. Raids e deportações obrigam os habitantes de bairros pobres a viveram como clandestinos e, o que é pior, a submeterem-se e aceitarem condições de vida e de trabalho cada vez mais miseráveis. Os “Italianos”, por sua vez, parecem incapazes de fazerem seja o que for a não ser apanhar os escassos privilégios que um capitalismo agonizante lhes deixou, à medida que lhes é feita uma lavagem ao cérebro por uma incessante propaganda racista que instiga medo e despoleta uma guerra entre os explorados.

Esta operação da polícia é a enésima tentativa, desta vez levada a cabo de forma sensacionalista, de silenciar aqueles não se resignaram ao medo, aqueles que ainda se atrevem a praticar a solidariedade contra a exploração e a gritá-la bem alto no meio do silêncio. As acusações, como dissemos, baseiam-se na solidariedade que os companheiros investigados são culpados de terem expressado com os migrantes em luta, com uma incansável e vigorosa luta a decorrer nos CIE’s (centros de detenção de imigrantes) dos país e, neste caso em particular, no CIE de Corso Brunelleschi, em Turim.

Não é por acaso que no contexto desta operação a polícia também tenha feito buscas no local da Radio Black Out, a única rádio livre nas ondas de Turim, de cujos microfones alguns dos anti-racistas detidos costumavam falar; uma rádio que, apesar das consequências, deu voz às muitas lutas que perturbam a indiferença e a passividade de Turim, das dos imigrantes às dos estudantes, das dos trabalhadores às dos activistas NO TAV. Assim, não surpreende que os poderosos de Turim e os seus polícias se sintam perturbados e assustados com o barulho da batalha travada contra eles; e portanto estão a tentar atingir aqueles que nunca esconderam a determinação de soprar no fogo da revolta de modo a alimentar os poucos mas dignos sinais de vida numa cidade de morte.

NÃO VAI SER UM SUJO PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO E OS SEUS POLÍCIAS QUE VÃO PARAR A SOLIDARIEDADE, O ANTI-RACISMO E A VONTADE DE LUTAR!

Anti-racistas sem fronteiras

Sobre as detenções a 15 de Fevereiro em Paris (França)

A 15 de Fevereiro, às 6h da manhã, 7 pessoas foram detidas e as suas casas foram alvo de buscas em Paris, como parte de uma investigação sobre o apoio relativo à rebelião no centro de detenção de Vincennes, e contra a máquina de deportação. De seguida fica mais informação e actualizações sobre estes acontecimentos...

Buscas e despertar às 6h da manhã
Não houve portas arrombadas, e na maior parte do tempo foi possível obter alguns minutos antes de os polícias entrarem (e antes de ameaçarem arrombar a porta).
No total, 50 polícias da polícia anti-terrorista (SAT) da Brigada Criminal (acompanhados por DCRI, Brigada Fiscal, especialista em tencologias informáticas,..) foram mobilizados para esta vaga de detenções. Principalmente, estavam à procura de roupas (em particular cachecóis, vestuário para a cabeça, sweat-shirts, sapatos), mas também flyers, panfletos e cartazes sobre o tema, e em especial os que se opõem à máquina de deportação. Como é óbvio, também apreenderam computadores, telemóveis, agendas, assim como latas de tinta de spray, faixas (“Novembro 2005-Deembro 2008, o fogo continua” e “Não à Nato, Não aos Taliban, desertemos das guerras dos poderosos”). (Os polícias tiraram uma série de fotografias a vários documentos e livros...)
Por fim, beatas de cigarros e escovas de dentes foram levadas para análises ao ADN; e algumas pessoas chegaram ao ponte de lhes serem “pedidas” roupa interior, em vão claro; e num excesso de zelo foram espregados cotonetes em lençóis.
Em seguida, as pessoas foram levadas para interrogatório. Também foram interrogadas outras pessoas presentes durante as buscas. Lembramos de passagem que convém estar presente.


Interrogatórios
Não dizer nada, recusar responder aos polícias e não assinar quaisquer dos seus papéis enquanto se está detido não é tanto uma questão de princípios, mas uma questão bastante prática. Numa situação de detenção, esse é o momento do polícia, onde tudo é feito para se obterem confissões, e tudo o que disseres pode ser usado contra ti... E apesar das técnicas de pressão dos polícias, sabemos que eles não têm o poder directo de prolongar a detenção ou de aplicar uma pena. Neste caso, as pessoas detidas não disseram uma palavra e não assinaram nada.


Caixas multibanco, marchas e ocupações
No início das detenções, as acusações principais são: “conspiração para danos ou destruição graves e voluntários”, “danos ou destruição com fogo ou substância explosiva” e “conspiração criminosa”.
Na prática, as pessoas detidas são suspeitas de terem participado na agitação em redor do julgamento dos acusados de provocarem um fogo no centro de detenção de Vincennes, assim como em lutas contra o mecanismo de deportação. A luta tornou-se mais visível na ocupação dos escritórios da Air France e da Carlston WagonLits, nas “marchas selvagens” que incluíram colagem de autocolantes, pintadas, sabotagem de caixas multibanco (que se destacam no chibanço de imigrantes sem documentos à polícia), com a ajuda de cola, ácido, fogo e martelos, e faixas penduradas no pequeno anel Parisiense.


Isto sim, é uma investigação!
Enquanto que os procedimentos foram classificados, segundo os media, como sendo uma investigação terrorista, durante a detenção o procurador decidiu reclassificar a investigação como sendo sobre actos criminosos, removendo o termo “terrorista”.
Aquilo que está a ser alvo é a luta contra o mecanismo de deportação (e contra as pessoas que permitem que este funcione), assim como as práticas de auto-organização autónoma, e ainda acções directas e anónimas.


O uso de videovigilância por parte dos polícias
Durante os interrogatórios, foram mostrados vídeos aos acusados. Vale a pena referir que na sua maioria as imagens das câmaras (“bolas” colocadas no topo das caixas multibanco) têm boa qualidade: elevada definição, cor, possibilidade de fazer zoom... Cerca de sessenta cassetes já estão no processo. São sobretudo sobre caixas multibanco danificadas, mas também sobre colagem de autocolantes e pintadas feitas durante manifestações (contra os Hóteis Ibis, as agências postais, o BNP (banco), a “LCL”, Société Generals, Air France...). O que irá acontecer quando as prometidas 1300 câmaras forem instaladas na ruas de Paris?


Sobre as amostras de ADN
Todos os acusados recusaram fornecer amostras de ADN (assim como impressões digitais e fotografias), mas os polícias foram longe para descobrir fosse o que fosse que pudesse ter sido tocado pelos acusados: canecas, caixas de plástico, palhinhas, beatas de cigarros... e, numa mostra de grande classe, um porco chegou ao ponto de pensar recolher para análise um tampão menstrual... É possível evitar o contacto com a boca (não deixando muita saliva) com diferentes utensílios, ou esfregá-los no chão para misturar vários traços de ADN que se encontram nas celas.


Ser presente ao juíz e as condições da fiança
Após 48 horas de detenção, e 10 horas nas celas da polícia, cada um foi presente ao juíz com a presença de um advogado oficioso. Três opções eram possíveis: não dizer nada, fazer uma declaração inicial, ou responder às perguntas do juíz.
Para as 4 pessoas que por fim foram presentes a tribunal, as condições da fiança consistiram numa proibição de se verem ou se contactarem, em responderem a procedimentos legais da APPE (Association d’Aide Penale) e em não poderem deixar território nacional sem permissão do juíz.
Por fim, 4 pessoas estão neste momento sob invstigação por “conspiração para danos ou destruição”, e pessoas estão também acusadas de “danos ou destruição com fogo ou substâncias explosivas”. A procuradoria está ainda a tentar acusar uma quinta pessoa.


Travando a luta
A principal função destas detenções e interrogatórios judiciais é separar e isolar aqueles que lutam. Consiste ainda em erradicar determinados tipos de luta tão banais como colagem de autocolantes, pintadas e manifestações independentes/selvagens.
Condenar certas formas de acção com o pretexto de estas serem alvos directos da repressão só serve para aumentar as divisões que o Estado tenta impor.
Esta série de detenções, raids e acusações, à parte o trabalho de serviços secretos que é feito, é apenas mais um ataque dirigido contra qualquer tentativa de agir e destruir o que nos destrói. Tudo continua!


Lutas e rebeliões na Europa
A situação não está apenas confinada à França, dado que na Europa existem muitos actos de rebelião, nos centros de detenção e em seu redor. Para saber mais sobre as variadas lutas que actualmente está a decorrer, podes consultar os seguintes folhetos: Brûlons les frontières e Histoire de révoltes dans les centres de rétention en Europe.
Em Itália, alguns dias depois das detenções em Paris, o mesmo tipo de repressão atingiu pessoas suspeitas de participarem em lutas contra o Centro de Detenção de Imigrantes, em Turim, Lecce, Rovereto... Muitas delas foram deixadas em prisão preventiva ou em domiciliárias, outras ficaram “sob vigilância especial”.
Mas a solidariedade não reconhece fronteiras, e foi com alegria que soubémos recentemente dos ataques contra a DAB na Bélgica e em Espanha.
Não vamos chorar por causa de caixas multibanco destruídas.
A luta continua, como de costume.

Solidariedade activa/revolucionária.

Liberdade para todos, com ou sem documentos.

CULTURA = LAZER DO CAPITAL : Acção Directa dos “Vadios” no passado Sábado dia 6 de Março no Palacete Pinto Leite, Porto.



CULTURA = LAZER DO CAPITAL


Acção Directa dos “Vadios” no passado Sábado dia 6 de Março no Palacete Pinto Leite, Porto.

“Cinquenta projectos originais portugueses, de áreas como a joalharia, artes plásticas e design de moda, estiveram patentes no antigo edifício do Conservatório de Música Porto, num evento intitulado “Absolut Creative House”. Assim era descrito o evento nos quotidianos da cidade.

O convite que a Gato Vadio recebeu tinha como pretexto mostrarmos os nossos livros. Era mesmo só um pretexto.

Os tais projectos originais mostram a sua pujança criativa, induzem à vitalidade das dinâmicas alternativas, auguram mudanças de mentalidade, abrem portas jamais vislumbradas no horizonte tripeiro, revelam o seu papel vanguardista no desenvolvimento humano, avançam a pulso na conquista de espaços únicos de sublimação, geram riquezas insondáveis, instigam às iniciativas de crédito internacional, copulam aos ouvidos das empresas de rating, seduzem com o seu marketing sofisticado e falsificado os corretores decanos e as casas de correcção municipal, masturbam-se com o vazio de ideias, enfiam o império da mercadoria no clítoris e na próstata, oferecem a rodos experiências contemplativas à geração recibo verde e um absolut spread nominal aos precários entediados que aguentam a sua miséria com a mesma fatídica obediência que a carquejeira que há um século atrás carregava no lombo o carrego para o seu amo, mas agora com a luxúria do Ikea, o mito redentor e burguês da geração “tá-se bem”, e vêm-se todos às 4h da tarde lá onde nada de novo se passa.



[Na acção, “Os Vadios” colaram nas paredes de um dos corredores do Palacete os seguintes textos]:



CULTURA = LAZER DO CAPITAL


No mundo imaginário, tudo indica que o Palacete Pinto Leite será vendido à iniciativa privada. Por outras palavras, à cultura da especulação e do capital. No mundo real, nos últimos anos a cidade do Porto assistiu ao casamento de compra-e-venda e de várias núpcias entre a actual gestão camarária e a supracitada iniciativa cultural: Mercado do Bom Sucesso, Mercado do Bolhão, Mercado Ferreira Borges, Teatro Rivoli, Palácio do Freixo, Casa das Glicínias, Praça de Lisboa. À boda, acrescenta-se ainda a mais do que provável privatização dos Jardins do Palácio de Cristal.

No caso de ainda não se ter vendido, saia o mais rapidamente possível deste imóvel, ou correrá o risco de ser um bónus para o mercado imobiliário. A cidade e os cidadãos não se responsabilizam pelo comportamento da gestão autárquica.



Nota: O Conservatório de Música do Porto esteve instalado no Palácio Pinto Leite entre 1975 e 2009 formando várias gerações de músicos no país.



[Além do texto supracitado, deixámos alguns formulários para preenchimento com o seguinte conteúdo]:

Preencha já o seu Formulário!

Por quanto acha que a actual gestão camarária vai vender este edifício?

1 – Por altos interesses do município

2 – Por arrogância

3 – Para fazer uma pista de carros indoor e um museu de pilotos de cera

4 – Por amizade

5 – Por Lazer

6 – Para passar ao “mundo civilizado”

7 – Outros

8 –



[Em cima de um pedestal foi colocada uma urna para os transeuntes introduzirem o seu formulário.]

[Finalmente, no fim e em nota de rodapé, ironia à memória activa e à voracidade crítica do ambiente, indicámos duas questões colaterais…]



Notas de rodapé:

Recordamos que o actual presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, emitiu em 2006 um despacho com o fito de cortar os subsídios pecuniários a fundo perdido às instituições culturais e sociais. Os apoios a instituições culturais representavam, em anos anteriores ao supracitado despacho, investimentos entre 150 mil e 200 mil euros anuais. Em 2006 as despesas da actual gestão autárquica com a promoção da sua imagem e do seu presidente ascenderam a meio milhão de euros.

Notinha de rodapézinho:

Finalmente, a actual gestão municipal obriga desde 2006 as entidades culturais a assinar um documento em que se comprometem a não tecer comentários sobre a política autárquica na esfera dos interesses contratados como contrapartida de receberem subsídios. Medida ao bom estilo censório de figuras ímpares da demo-cracia, como Lukashenko, Amhadinejad ou o eterno Castro.





PORTO = CAPITAL DO LAZER





[Em escassos minutos, a urna ficou cheia de formulários. 100% de adesão. É uma imagem emblemática de estreiteza pseudo-activa: a consciência crítica ficou arrumada e limpa no gesto de introduzir o seu boletim de voto na urna improvisada. E o resto são cantigas, faducho e vodka absolutista. Metáfora circunstancial da democracia burguesa, do esforço ritual e impotente da maioria fingir à democracia de x em x tempo, julgando que um processo colectivo de criação baseado na democracia começa e acaba num sarcófago.

De realce, foi a expropriação do exemplar solitário da fanzine “Urro – Então e tu Orgasmo, também já és de direita?” colocada na mesa de apoio à nossa acção. Único gesto útil, sincero e livre naquele sábado, surripiando ironicamente o mais gratuito de todos os “objectos” expostos.

O segurança que vigia o edifício não tem nada a guardar de valioso. A criatividade, enquanto memória crítica, força de autonomia e pulsão libertária, há muito que disse adeus ao quarteirão. É por isso que o autarca lá puxa da calculadora para enfiar três tremoços nos miolos da nossa massa crítica.



Em breve o vídeo da acção estará disponível.